Afinal, qual a função da vesícula biliar?
A vesícula biliar é um órgão de depósito, ou seja, é um reservatório de bile. O fígado produz a bile através da metabolização de substâncias circulantes no sangue e a excreta através dos canais biliares, tendo a vesícula como um órgão que armazena a bile quando ela não é necessária.
A função da bile é ajudar na digestão de alimentos que contém gordura por meio de um processo chamado emulsificação. Assim, quando nos alimentamos, o trato digestivo emite sinais através dos nervos e dos hormônios e assim a vesícula despeja a bile armazenada no intestino, ajudando no processo da digestão.
Como surgem as pedras?
Diversos fatores podem causar problemas na vesícula biliar e impedir que ela se esvazie completamente ou causar a chamada precipitação de bile e consequente formação de pedras. As pedras na vesícula, também chamadas de cálculos, podem causar dor nos momentos em que a vesícula tenta se contrair para expulsar a bile. Dependendo do seu tamanho, a pedra pode bloquear a saída de bile e causar a chamada colecistite, que é uma inflamação da vesícula. Quando isso ocorre, o paciente apresenta dor forte na região abaixo das costelas, do lado direito. É uma dor do tipo cólica e que não melhora após algumas horas. O tratamento cirúrgico, nesses casos, é de urgência.
Por outro lado, quando a vesícula contém pedras pequenas, elas podem sair e causar obstrução no canal da bile, chamado de colédoco. Essa situação é até mais complexa do que a colecistite, pois nos casos de obstrução do colédoco costuma ocorrer uma obstrução mais grave e difícil de tratar, chamada colédocolitíase. Além disso, no caso de a pedra obstruir a saída do pâncreas (que também fica no colédoco), ocorrerá a chamada pancreatite, uma inflamação do pâncreas potencialmente grave.
Como é feita a retirada da vesícula biliar?
Com o paciente sob anestesia geral, utilizamos 4 pequenos orifícios menores que 1cm para introduzir uma câmera cirúrgica e pinças. Retiramos a vesícula inteira, não apenas os cálculos.
O procedimento dura cerca de uma hora, contando com o tempo de início e fim da anestesia. Em menos de 24h o paciente recebe alta hospitalar e em duas semanas é esperado que esteja de volta à maioria das suas atividades habituais.
Com o uso de analgésicos e antiinflamatórios simples, o paciente já no primeiro dia, em casa, pode caminhar, tomar banho, sentar-se e comer normalmente. É importante evitar esforços como subir escadas, abaixar-se e levantar peso por 14 dias ou conforme a orientação do seu médico. Costumo orientar que evite inclusive dirigir nas primeiras duas semanas. O risco de fazer esforços é desenvolver hérnia nas incisões cirúrgicas.
Alguns pacientes podem apresentar diarreia por algumas semanas após a cirurgia, especialmente quando ingerir refeições gordurosas. Aqueles alimentos que antes da cirurgia causavam cólicas são os que costumam causar diarreia no pós operatório. Com o passar das semanas, o corpo acostuma-se com a ausência do “reservatório” e essa diarreia costuma se resolver.
Não é indicado fazer uso de nenhum tipo de suplemento ou vitamina após a retirada da vesícula biliar. É fácil entender o porquê: o corpo não deixa de produzir a bile; ele apenas deixa de ter o reservatório. Portanto, após algumas semanas de adaptação, o corpo se acostuma a lançar a bile diretamente dentro do intestino e as funções fisiológicas são desempenhadas normalmente.